Tal como a Isabel e alguns outros alunos, essa foi minha primeira performance.
Tinha um quê de desafio e senti muita apreensão de começar a tarefa. Fiquei pensando muito tempo em como seria, se eu seria capaz de me manter alheia ao que acontecia à minha volta, se conseguiria me concentrar no trabalho e como eu me sentiria na situação.
Mais do que carregar um fardo físico, que já carregamos emocionalmente todos os dias, meditar andando serviu para pensar em tudo que não temos tempo para pensar todos os dias.
O fardo tornou-se mais pesado, mas também muito mais leve, no sentido de que se torna sem importância quando pensamos muito nele.
Meditar e caminhar num ritmo incomum fez com que eu percebesse as nuances do tempo. Era como se caminhássemos em câmera lenta, aonde todos que iam e vinham estavam cheios de pressa e mal nos notassem. Ora éramos obstáculo, ora éramos objeto de dúvida.
Perdi a timidez tola e me entreguei àquele momento, impregnada do que acontecia ao redor, do percurso, da falta de pressa.
Foi interessante reparar no que causávamos por onde passávamos, às vezes raiva, incompreensão, às vezes curiosidade e vontade de entender o motivo para estarmos ali.
Éramos um incômodo e ao mesmo tempo éramos uma distração da rotina. Quebrávamos a rotina, tanto para nós, quanto para as pessoas que eram interrompidas por nós.
Acho que, no fim, foi uma ótima experiência. Me fez refletir sobre o tempo, sobre como nossos fardos são pequenos quando pensamos na nossa própria existência no meio da multidão.
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