Esta foi a primeira das duas intervenções coletivas realizadas pela Turma de “A.T.A.T” 2011.1 (Análise de Textos e Autores Teatrais.) Nela nos propusemos a investigar um série de questões, o pontapé inicial era o reenactment de uma performance de Erwin Wurm chamada “as esculturas móveis”. A intervenção consistia basicamente no fato de estarmos munidos de Objetos, os quais carregamos pela vida mundo a fora. Estes Objetos deveriam ser transportado de maneira incomum, sendo acoplados aos nossos corpos, amarrados a eles, pendurados em nossas extremidades ou algo semelhante. O processo de ‘caracterização’ acabava por nos dotar com corpos extra-cotidianos como definiria Eugênio Barba, não somente os objetos criavam este corpo de performer : O espaço escolhido (Praça Xv); A proposição (andar meditativo/contemplativo) e a relação que estabelecíamos com os fluxos ali presentes (tempo, espaço e energia) também tinham reflexo direto sobre nossos corpos.
Nos performers encontrávamos em um estado de “not-acting” que Michael Kirby definiria como : “Uma presença na qual o ator não faz nada para reforçar a informação transmitida por sua atividade”. Nossos corpos não surgiam de uma pesquisa prévia, ou da composição de personagens, ao contrário ele era o resultado da interação momentânea de nossos objetos com nossos trajetos; se mancávamos o fazíamos pela impossibilidade de adotar um caminhar mais comum.
Nossa intervenção não possuía um objeto principal, um foco de atenção pré-determinado ou uma possível instalação a ser visitada naquele momento, nós éramos a obra em andamento. E esta abordagem performática gerava uma “presença” nossa ação estética preenchia a espaço com um apontamento relativo a uma questão cotidiana. Quais são os objetos que eu arrasto pela vida; O que é arrastar um objeto; Objetos também não nos arrastam? A abordagem gerava relação com transeuntes que inquietados com o convite de investigar novas questões nos abordavam dizendo : “O que vocês estão reivindicando?” ou “Isso é uma pegadinha?” e na minha opinião a mais rica abordagem veio de um ambulante vendedor de balas que ao ver uma fila de mais de 8 ‘esculturas-vivas’ nos perguntou : “Porque vocês estão carregando esats coisas?” eu respondi: “Por que o senhor está carregando estes doces (tabuleiro)” e ele retrucou “Por que eu preciso!” “Nós também” foi com o que eu completei, e depois de alguns segundos em silencio ele acrescentou, com uma expressão de contentamento comum a alguém que resolve uma equação matemática : ”Isso é tipo uma filosofia de vida, não é?”
Acredito que quando performamos sobre uma questão estamos trazendo à tona um convite ao questionamento e a investigação dos comportamentos considerados padrão. Acredito que a Performance se assemelha a uma ‘lupa artística’ que evidencia com uma proposta estética um pensamento e em seguida articula-o com um tempo e um espaço imediatos gerando interação, intervenção e desmassificando nosso sistema tão engessado. Priscila Arantes em seu texto ‘Espaço Urbano, investigação artística e construção de novas territorialidades’ afirma que desde os anos 90, com o surgimento das redes, as noções físicas de espaço começam a ser gradualmente alteradas chegando a falar sobre um ‘espaço em fluxo’ que segundo suas palavras “(...)coloca na conexão, na mobilidade, nas relações e no sujeito em trânsito seu eixo fundamental.” Acredito que nossa performance salientou tal idéia. Ponto de partida para nossa segunda Intervenção.
terça-feira, 7 de junho de 2011
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