Quando comecei a pensar na performance que eu faria, me senti em um beco sem saída. Primeiro tive uma idéia que todos da turma haviam gostado, mas que eu mesma não me sentiria à vontade fazendo, além de que não teria nada a ver comigo, e com qualquer questão que eu quisesse mesmo aprofundar.
Era uma questão que parecia estar rondando a minha vida naquele momento. Nos dias de hoje é tão raro uma pessoa amar e respeitar a si mesma em primeiro lugar. E se eu pudesse presentear algumas poucas com amor próprio?
Decidi que faria algumas caixinhas de presente com apenas um papel dentro escrito “Amor Próprio”. Andaria por algum lugar qualquer e as daria de presente para quem me inspirasse ser presenteado.
Além disso, pensei que a melhor forma de encontrar essas pessoas, seria através da deriva. Um meio de andar sem rumo e chegar a lugares inusitados que me inspirassem sensações diversas, já que estaria fortemente concentrada nessas.
Um mapa de ação feito pela Lis me inspirou ainda mais a derivar, procurando por lugares/pessoas que transbordassem amor e outros que necessitassem de.
Fiz uma caixa para guardar os presentes e fiz onze caixinhas, aonde coloquei os papeis.
Me muni de coragem e escolhi realizar a performance após ajudar na da Bel. Pedi que ela filmasse e comecei meu percurso desde o Pinel.
Caminhei sem rumo, escolhendo caminhos aleatórios que eu tivesse vontade de seguir. O mais difícil foi entregar o primeiro presente, devo ter demorado uns quinze minutos para encontrar a primeira pessoa que eu tivesse vontade de presentear.
Enquanto caminhava, ia pensando nas questões da minha performance, se eu seria compreendida se eu seria capaz de ajudar, mas, após dar o primeiro presente, resolvi que não deveria me importar com aquilo, que nem queria ver as reações das pessoas quando abrissem a caixinha. Percebi que eu deveria ir deixando aquilo para trás, como uma semente que eu plantasse sem nunca poder voltar para ver os resultados.
Fui sendo guiada apenas pelas emoções que o caminho me trazia, junto com as reações diversas que as pessoas me passavam. Ri, me constrangi, diverti e me senti aliviada. Conforme ia distribuindo meus presentes, sentia como se um peso fosse retirado das minhas costas, me deixando mais leve para caminhar sem medo de prosseguir.
Senti que, ao dar amor próprio, comecei também a pegar o sentimento um pouco mais para mim, como se, ao presentear alguém, eu também fosse presenteada. Ação e reação. Simples, fácil.
Trabalho interessante (ao oposto do primeiro... :o), seria interessante conectar mais a reflexao com os textos lidos e comentados durante as aulas. Por exemplo, o conceito de "deriva" ou a ligaçao da performance com a estética relacional de Bourriaud, etc.....
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