Eu preciso que você esteja aqui.
sobre performance e re-enactment.
Performance original:
Registro do re-enactment e depoimentos: http://www.youtube.com/user/taianamello#p/u
Conclusão*
(da experiencia de refazer)
“(...) o indivíduo dura para sempre e esquecemos o sentido da temporalidade, que estamos aqui apenas de passagem, por um segundo cósmico; estamos aqui e depois não estamos. Como usamos nosso tempo e damos sentido à nossa vida?” Marina Abramovic, em entrevista a revista DasArtes.
O re-enactment foi marcado para o dia quatorze de junho, e aconteceria entre 14h30min e 15h30. O que me possibilitaria assistir a maior parte da aula ATAT e também da seguinte ECDS. Logo de inicio tive problemas com a reserva do projetor digital reservado com cerca de um mês de antecedência. Somado ao tempo da montagem, perdi cerca de trinta minutos. Percebo que não havia salvado corretamente o vídeo que seria re-performado, Undertone, pois o endereço de arquivo não abria. Decidi também projetar os depoimentos. Comecei, enfim, um pouco depois das 15h e já bastante ansiosa. Durante a hora e meia de duração da performance entram no máximo 10 pessoas. Lembro que esqueci a seta com o nome da performance em cima da mesa de jantar da minha avó. Uma das primeiras “visitantes” após ouvir alguns dos vídeos que passavam nos computadores, se agacha diante da mesa na qual desenvolvo a partitura corporal feita por Vito Acconci, ela me olha nos olhos. Ela me encara durante cerca de três minutos. Sinto que ela poderia ter ficado mais, se não fosse o meu crescente desconforto com a situação. Não conseguia olhar nos olhos dela. Fiquei na duvida se parava de fazer a partitura e entregava minha mão a dela, estendida sobre a mesa. Revela-se, então, a minha incapacidade de estar ali. Digo, de estar ali de fato. Ouço os depoimentos que naquele momento estão passando. Penso em como aquelas pessoas falaram de si mesmas, de suas historias, de suas memórias, de seus afetos, de seus desejos. Nenhuma delas me contou uma historia, me contaram a historia. Assim que aquela visitante (ou talvez seja mais justo chamá-la performer) saiu da sala, virei o laptop que estava ligado ao projetor e assumi que aquilo já não era o re-enactment; simplesmente porque eu não estava sendo uma performer. Decidi também que aqueles depoimentos não seriam em vão. Um pouco depois de eu começar a falar Danielle percebe e começa a filmar. Foi lindo. Só percebi quando vi esse vídeo. Ela fez exatamente o que eu havia pedido: transformou o registro também em performance. E enquanto eu chorava, falava sobre tudo aquilo que eu acho atravancar o desenvolvimento fluido da minha vida profissional: minha paixão pela vida acadêmica e por professores que considero ícones e minha frustração freqüente no quesito ciência, na distancia entre atuação e presença, entre ser atriz e performer, que são pesquisas igualmente fascinantes para mim, falei sobre o cansaço, a casa nova que é muito longe, as semanas de atraso nas leituras por causa de um amor que não ficou... Todos esses motivos pelos quais aquilo não seria uma performance. Pensando agora, talvez não tenha sido um re-enactment, mas tenha sim sido uma performance. Era eu. Assumindo minha necessidade da palavra, da liberdade, da falta de roteiro. Era eu ali. Falando com o meu computador e deixando as pessoas ouvirem.
(da experiencia de refazer)
“(...) o indivíduo dura para sempre e esquecemos o sentido da temporalidade, que estamos aqui apenas de passagem, por um segundo cósmico; estamos aqui e depois não estamos. Como usamos nosso tempo e damos sentido à nossa vida?” Marina Abramovic, em entrevista a revista DasArtes.
O re-enactment foi marcado para o dia quatorze de junho, e aconteceria entre 14h30min e 15h30. O que me possibilitaria assistir a maior parte da aula ATAT e também da seguinte ECDS. Logo de inicio tive problemas com a reserva do projetor digital reservado com cerca de um mês de antecedência. Somado ao tempo da montagem, perdi cerca de trinta minutos. Percebo que não havia salvado corretamente o vídeo que seria re-performado, Undertone, pois o endereço de arquivo não abria. Decidi também projetar os depoimentos. Comecei, enfim, um pouco depois das 15h e já bastante ansiosa. Durante a hora e meia de duração da performance entram no máximo 10 pessoas. Lembro que esqueci a seta com o nome da performance em cima da mesa de jantar da minha avó. Uma das primeiras “visitantes” após ouvir alguns dos vídeos que passavam nos computadores, se agacha diante da mesa na qual desenvolvo a partitura corporal feita por Vito Acconci, ela me olha nos olhos. Ela me encara durante cerca de três minutos. Sinto que ela poderia ter ficado mais, se não fosse o meu crescente desconforto com a situação. Não conseguia olhar nos olhos dela. Fiquei na duvida se parava de fazer a partitura e entregava minha mão a dela, estendida sobre a mesa. Revela-se, então, a minha incapacidade de estar ali. Digo, de estar ali de fato. Ouço os depoimentos que naquele momento estão passando. Penso em como aquelas pessoas falaram de si mesmas, de suas historias, de suas memórias, de seus afetos, de seus desejos. Nenhuma delas me contou uma historia, me contaram a historia. Assim que aquela visitante (ou talvez seja mais justo chamá-la performer) saiu da sala, virei o laptop que estava ligado ao projetor e assumi que aquilo já não era o re-enactment; simplesmente porque eu não estava sendo uma performer. Decidi também que aqueles depoimentos não seriam em vão. Um pouco depois de eu começar a falar Danielle percebe e começa a filmar. Foi lindo. Só percebi quando vi esse vídeo. Ela fez exatamente o que eu havia pedido: transformou o registro também em performance. E enquanto eu chorava, falava sobre tudo aquilo que eu acho atravancar o desenvolvimento fluido da minha vida profissional: minha paixão pela vida acadêmica e por professores que considero ícones e minha frustração freqüente no quesito ciência, na distancia entre atuação e presença, entre ser atriz e performer, que são pesquisas igualmente fascinantes para mim, falei sobre o cansaço, a casa nova que é muito longe, as semanas de atraso nas leituras por causa de um amor que não ficou... Todos esses motivos pelos quais aquilo não seria uma performance. Pensando agora, talvez não tenha sido um re-enactment, mas tenha sim sido uma performance. Era eu. Assumindo minha necessidade da palavra, da liberdade, da falta de roteiro. Era eu ali. Falando com o meu computador e deixando as pessoas ouvirem.
*O texto completo encontra-se em: http://taianatudomais.blogspot.com/
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