segunda-feira, 28 de junho de 2010
postado por Eduardo
sexta-feira, 25 de junho de 2010
re-enactment de Taianã Mello
(da experiencia de refazer)
“(...) o indivíduo dura para sempre e esquecemos o sentido da temporalidade, que estamos aqui apenas de passagem, por um segundo cósmico; estamos aqui e depois não estamos. Como usamos nosso tempo e damos sentido à nossa vida?” Marina Abramovic, em entrevista a revista DasArtes.
O re-enactment foi marcado para o dia quatorze de junho, e aconteceria entre 14h30min e 15h30. O que me possibilitaria assistir a maior parte da aula ATAT e também da seguinte ECDS. Logo de inicio tive problemas com a reserva do projetor digital reservado com cerca de um mês de antecedência. Somado ao tempo da montagem, perdi cerca de trinta minutos. Percebo que não havia salvado corretamente o vídeo que seria re-performado, Undertone, pois o endereço de arquivo não abria. Decidi também projetar os depoimentos. Comecei, enfim, um pouco depois das 15h e já bastante ansiosa. Durante a hora e meia de duração da performance entram no máximo 10 pessoas. Lembro que esqueci a seta com o nome da performance em cima da mesa de jantar da minha avó. Uma das primeiras “visitantes” após ouvir alguns dos vídeos que passavam nos computadores, se agacha diante da mesa na qual desenvolvo a partitura corporal feita por Vito Acconci, ela me olha nos olhos. Ela me encara durante cerca de três minutos. Sinto que ela poderia ter ficado mais, se não fosse o meu crescente desconforto com a situação. Não conseguia olhar nos olhos dela. Fiquei na duvida se parava de fazer a partitura e entregava minha mão a dela, estendida sobre a mesa. Revela-se, então, a minha incapacidade de estar ali. Digo, de estar ali de fato. Ouço os depoimentos que naquele momento estão passando. Penso em como aquelas pessoas falaram de si mesmas, de suas historias, de suas memórias, de seus afetos, de seus desejos. Nenhuma delas me contou uma historia, me contaram a historia. Assim que aquela visitante (ou talvez seja mais justo chamá-la performer) saiu da sala, virei o laptop que estava ligado ao projetor e assumi que aquilo já não era o re-enactment; simplesmente porque eu não estava sendo uma performer. Decidi também que aqueles depoimentos não seriam em vão. Um pouco depois de eu começar a falar Danielle percebe e começa a filmar. Foi lindo. Só percebi quando vi esse vídeo. Ela fez exatamente o que eu havia pedido: transformou o registro também em performance. E enquanto eu chorava, falava sobre tudo aquilo que eu acho atravancar o desenvolvimento fluido da minha vida profissional: minha paixão pela vida acadêmica e por professores que considero ícones e minha frustração freqüente no quesito ciência, na distancia entre atuação e presença, entre ser atriz e performer, que são pesquisas igualmente fascinantes para mim, falei sobre o cansaço, a casa nova que é muito longe, as semanas de atraso nas leituras por causa de um amor que não ficou... Todos esses motivos pelos quais aquilo não seria uma performance. Pensando agora, talvez não tenha sido um re-enactment, mas tenha sim sido uma performance. Era eu. Assumindo minha necessidade da palavra, da liberdade, da falta de roteiro. Era eu ali. Falando com o meu computador e deixando as pessoas ouvirem.
terça-feira, 22 de junho de 2010
A performance e eu, trajetória de uma relaçao - Celina Bebianno
- A descoberta de uma arte.
- As escolhas: três tentativas.
- Conversa com Marina Abramovic.
- Decisão de não fazer.
- A performance e o teatro.
domingo, 20 de junho de 2010
Tehching Hsieh
O projeto de Tehching Hsieh (artista de Taiwan) consiste em realizar performances que duram cada uma um ano.
Esta foto é o registro de uma performance na qual ele ficou acorrentado durante um ano com Linda Montano.
A última performance dele é viver a vida, sem fazer arte, ler sobre arte ou ver arte...
Yuri Firmeza
Foto de uma das supostas obras de Souzousareta Geijutskuka:
Outro trabalho de Yuri Firmeza de ocupaçao de espaços:
Entrevista de Marina Abramovic sobre a performance "A Casa com vista para o mar" (Entrevista com Ana Bernstein, Revista Sala Preta, USP)
www.eca.usp.br/salapreta/PDF03/SP03_012.pdf
sábado, 19 de junho de 2010
Releituras do New Look no caderno ela
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Re-enactment de Valie Export por Roberta Wightman
quinta-feira, 17 de junho de 2010
idéia postada por Bianca Arcadier
http://www.livr.us/
terça-feira, 15 de junho de 2010
Com que roupa eu vou?
segunda-feira, 14 de junho de 2010
KARDINAL - OTTO MUEHL - por Gunnar Borges
Um dia no traje - Reenactment da Experiência n.3 de Flávio de Carvalho
Meu trabalho se desenvolveu a partir da performance Experiência n.3, do arquiteto, artista plástico, performer, escritor, ou seja, do múltiplo Flávio de Carvalho. No verão de 1956, o artista percorreu o centro de São Paulo lançando seu “New Look”, o traje tropicalista para o homem brasileiro, segundo Inti Guerrero*, “um traje executivo masculino, concebido especificamente para as condições climáticas, econômicas e culturais do homem urbano nos trópicos”.Esse traje era composto por uma minissaia de pregas, sandália baixa, meia arrastão e blusa de tecido fino e modelagem solta. Este trabalho, assim como muitos outros do artista, teve uma esfera de ação e integração com os meios de comunicação vigentes, o que afirmou o trajeto executado durante a performance como um grande lançamento da nova vestimenta. Inclusive, o artista informou à imprensa com antecedência a respeito da hora, local e ação que seria executada e, por um certo período, o trabalho obteve repercussão em jornais e televisão.
Ao iniciar o projeto de reenactment para esta performance, decidi partir da sentença “lançamento de traje tropicalista para o homem brasileiro”. Percebi que teria que criar uma outra versão do traje, já que uma primeira impossibilidade se apresenta instantâneamente: é impossível para mim manter a fidelidade de gênero e causar impacto ao usar uma saia! Além disso, decidi problematizar o uso do tropicalismo como base conceitual e a ação de lançamento executada pelo artista.
A reflexão sobre o movimento tropicalista, me levou a buscar movimentos de vanguarda brasileiros que também questionam a identidade do país com seus trabalhos. Assim cheguei ao movimento antropofágico das décadas de 20 e 30, e à teoria perspectivista, estudo antropológico que está sendo formulado atualmente com base em apontamentos sobre a relação indígena com a alteridade e apropriação**. O entendimento destes dois movimentos contribuiu para a tentativa de criar um traje que se aprofundasse nas questões culturais e identitárias, sem deixar de lado as climáticas e econômicas. Assim, guias, penas e um turbante se uniram a uma saia plissada, salto alto e maleta de trabalho.
foto: Claudia Arcadier
Outra questão levantada foi a ação de lançar o traje. O apelo midiático detido pela figura de Flávio de Carvalho não me pertence, e seria muito pouco provável executar um lançamento nas proporções alcançadas por ele, o que ao meu ver, acabaria por empobrecer a ação, já que um lançamento só se faz diante da expectativa que o público tem de ter acesso a uma novidade. Por isso busquei outra ação, que também evidenciasse um certo modus operandi econômico/social da cidade. Essa reflexão evidenciou outra diferença entre a situação na qual se deu a performance original e a do reenactment: o local. Flavio de Carvalho executou seu trabalho no centro se São Paulo e eu, no centro do Rio de Janeiro. Ambas cidades são grandes metrópoles e centros econômicos, mas com características diferentes. Decidi, assim, afirmar um certo caráter despojado do qual o carioca tem fama e escolhi reinserir a banana, um produto tipicamente brasileiro e barato, no comércio informal da cidade. Minha ação seria comprar para, em seguida, vender, trocar ou mesmo dar as bananas.
O trajeto realizado foi o seguinte: saí da minha casa, fui até o Hortifruti mais próximo, peguei ônibus até o Largo da Carioca, andei, realizando eventuais paradas, até o Mercado popular da Rua Uruguaiana. Foram diversas reações: estranhar, rir, agir com naturalidade forçada, fotografar, elogiar, questionar, aceitar, entrar na proposta, levá-la além, recusar a banana, temer, não notar etc.
fotos: Claudia Arcadier e Joana Balabram
Ao terminar a performance, minha mala continha alguns dos objetos que foram trocados (outros, como a goiaba e o dinheiro não ficaram até o fim, pois foram trocados mais de uma vez). Foi interessante notar como eles também podem, assim como o traje, ser representantes da identidade brasileira: guaraná, pomada da índia, manjericão, divulgação de agencias de créditos e paçoca (as penas e trajes da imagem não foram fruto de troca, e sim, parte do traje).
foto: Bianca Arcadier
A realização deste reenactment/performance foi muito interessante para mim, principalmente porque busquei me apropriar das questões que noto no trabalho original e reconstituí-las de modo a que faça sentido para mim e para a maneira como percebo o espaço-tempo no qual me encontro.
Adorei o curso! Beijos, abraços e saudações a todos,
Bianca Arcadier
* Inti Guerrero foi curador da mostra “A Cidade do Homem Nu”, que reuniu obras de Flávio de Carvalho e outros artista no MAM de São Paulo, de abril a junho de 2010.
** Para mais a respeito, buscar o trabalho do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.
Reflexão em P e d a ç o s . . .
(BOURRIAUD. 2009, p.11)
A Performance, como ato artístico independente, surgiu na década de 60 por causa de circunstâncias históricas muito específicas e buscava uma forma de 'transgressão das normas sociais' e artísticas, trazendo assim um conceito de experiencia do real à arte. Algo como uma arte conceitual onde a fronteira entre performance e teatro se estabelece a medida que a imediatalidade do tempo, espaço e corpo do performer, realizador da arte performática, se opõe ao conceito até então estabelecido de teatro como espaço para a representação, com duração determinada e que separa espacialmente o local da ação do local de onde se recebe a ação. palco e platéia.
Essas transgressões da performance se realizam ao expor esse novo fazer artístico que quebra a barreira da Obra de Arte, possui objetivos a partir de reflexões diretas sobre o mundo e incita o espectador a sair da posição de contemplador da arte e se tornar participador dela.
A partir desses pressupostos sobre a performance afirmo: Isto é um registro. Não é um desdobramento ou reprodução da arte. É apenas um documento que relata, analisa e relaciona as performances Cut Piece realizadas por Yoko Ono em 1964 e 2003 e por mim, Rany Carneiro, em 2010.
Em 1964 a performer Yoko Ono realizou pela primeira vez a performance Cut Piece no Japão. Sabe-se a partir de registros que a ação performática estava contextualizada com o momento de guerra e tensão mundial perante a Guerra Fria e tinha como objetivo a relação artista/público participador. Yoko expunha assim a passividade do performer perante as ações do participador, que utilizava a tesoura em sua roupa de forma que desejasse, comparando simbolicamente a ação de cortar com a violência em todo o mundo.
Fabio Cypriano afirma em sua texto que 'cada performance possuía um objetivo e quando ele era alcançado, era preciso conseguir um novo.' Foi assim que se realizou em 2003, em Paris, pela própria Yoko Ono devido ao contexto de tensão ao terrorismo pós 11 de setembro, um re-enactment de Cut Piece onde houveram desdobramentos e os próprios objetivos da performance se modificaram.
Foi então com esses conhecimentos e questionamentos sobre esta performance que decidi realiza-la. E realizar o seu re-enactment.
Junto a mais três performers me instalei, durante uma tarde, num corredor da Uni-Rio, munida de tesouras e um cartaz, onde estava escrito 'Cut Piece-Corte um pedaço'. A tradução, errônea, do nome da performance danda uma conotação de ordem pode ter interferido diretamente no desenrolar da performance, porém a escolha do local foi feita por nos passar uma certa segurança que a instituição possui e para obtermos uma atenção significativa daqueles que ocupavam aquele espaço e passavam diariamente por ali.
Eu tinha como objetivo nessa primeira performance manter o questionamento relacional exposto por Yoko em 64- a passividade do performer diante do participador e sua ação- a partir das minhas reflexões sobre o contexto histórico e relacional da contemporaneidade e a visão de limite para o performer e para o participador. Porém conforme a performance se seguia passei a observar a ação do participador e a perceber que a relação que se estabelecia comigo e com a tesoura era para cada participador, particular. Era como se naquele momento em que o participador tinha a tesoura na mão, ele entrava em coneção apenas com ele mesmo e se enxia de um sentimento de poder que não poderia ser questionado nem por outros e nem por ele mesmo.
Em sua maior parte a performance foi carregada de terror psicológico e agressividade por parte do participador diante da minha total total passividade e a questão artística da performance s perdeu em meio a apostas sobre o limite de exposição para cada performer. Porém, essas relações não são mais do que consideradas 'normóticas'- termo que aqui emprego me referindo a a reações esperadas por parte da grande maioria da pessas- perante um ato artístico. A banalização dos objetivos e a agressividade do participador/receptor são percebidas no mundo como um todo, e o ocorrido na nossa performance foi apenas um reflexo das relações e ações do ser humano.
A partir então do que ressoou dessa primeira performance e em cima de uma reflexão das reações humanas, realizei o meu re-enactment da minha performance, e assim como Yoko Ono, com estrutura e objetivos diferenciados.
Dessa vez realizamos o Cut Piece, apenas eu e o Claudio, sentados um de frente para o outro em uma livraria durante o lançamento de um livro. Escolhemso um espaço que nao interferisse diretamente no caminho daqueles que estavam no local e não usamos algo que nomeasseou conduzisse a performance como a placa com a tradução. O tempo então, assim como na primeira vez, era determinado pelo decorrer da performance. Porém em oposição a primeira performance, as relações que se estabeleceram foram mais espaçadas e pontuadas.
Como objetivo eu buscava participadores com ações 'anormóticas' perante a minha passividade como performer. Um participador que não se relaciona-se com a tesoura e comigo de forma esperada e com gestos agressivos pois possui um olhar diferenciado sobre a performance.
Não posso negar o fato de diversas pessoas terem agido de forma esperada,'normótica', cortando aleatoriamente pedaços da roupa estabelecendo relações de poder comigo e com ação,assim como na primeira vez, porém foram as ações em oposições a estas que se tornaram relevantes para a finalização e obtenção do objetivo da performance. Algumas pessoas usavam do tecido e da tesoura para fazer mascaras, reorganizam nossos corpos para compor uma obra de arte. Outras usavam a tesoura para massagear e soltar as amarras que nos deixavam em situações desconfortáveis. Era esse tipo de ação que eu buscava como objetivo. Uma ação em que o participador não fosse meramente aleatória e de cunho pessoal, mas que se importasse com a relação e com o performer.
Nesse momento em que vi -materialmente- ações anormóticas serem realizadas, agradeci e me levantei. A minha performance aquele dia estava completa.
Relacionando então as quatro performances,as duas vezes da Yoko Ono e as duas vezes minhas, percebo que o ato performatico se estabeleceu como uma experiência bilateral onde performer-como pessoa e não um personagem- e público, como agente participador da ação se relacionam e se afetam. É a Arte que se da na relação. É de cunho reflexivo também que a cada vez em que Cut Piece foi realizada possuía um objetivo específico diferenciado, conforme o contexto inserido e os questionamento do performer no momento, expondo assim um caráter universal para a realização da performance. Caráter esse que não creio ser específica do Cut Piece, mas abrangente a todas as performance já realizadas pois o que importa é a reflexão que cada performer vai fazer para tratar do diversos assuntos da sua contemporaneidade. E se é possível questionar relações atuais partir de performances realizadas inicialmente na década de 70, porque não?! Só nos mostra que as transgressões que aqueles artistas buscavam para recriar o olhar sobre o fazer Arte ainda são extremamente necessárias.
por
Laranja
“não se pode entrar duas vezes no mesmo rio,
pois ele já não será o mesmo, nem você”
Heráclito.