domingo, 19 de junho de 2011

Re-enactment: Pac-man Rémi Gaillard


Como nunca havia feito uma performance antes, tirando as duas experiências coletivas realizadas durante o curso, comecei partindo do zero. O que é performance?
Devo admitir que na primeira vez que escutei que a aula de ATAT seria focada em performance, torci o nariz, pois sempre tive uma espécie de preconceito a este tipo de arte. Muitas coisas que eu via por ai eram sem sentido para mim, e muitas vezes eu achei que performance representava algo que simplesmente tinha o intuito de chocar, que se tratava somente de uma ferramenta de critica, e em muitos casos era agressiva ao olhar.
Mas foi durante o curso que entendi como a performance trabalha e que por ser um campo tão expansivo ela na verdade pode vir a ser ferramenta para qualquer questão.
“O termo “performance” é tão genérico quanto as situações nas quais é utilizado” - Regina Melim
“... quando o assunto é performance, é sempre um número muito variável de concepções, as quais não se postulam como obrigatórias para atingir um consenso.” - Regina Melim
Então, se não existe uma definição exata para performance. O que fazer?
Com essa pergunta comecei a procurar o que me interessaria falar sobre algo que dialogasse com questões atuais do artista, foi aí que me deparei com as performances de Rèmi Gaillard que a princípio parecem para puro entretenimento, mas ao analisarmos com calma vemos que existem questões muito interessantes em seus vídeos cômicos.
Vivemos em uma época de falta de recursos na arte, em que parece que tudo que podia ser criado, falado, criticado já foi feito, trazer o pac-man para a realidade resulta numa releitura da arte como expressão, a sua multiplicidade e o espaço que isso ocupa no campo das artes com que ela dialoga.
A cultura de massas invade o campo das artes e se apodera de seus meios de expressão. A performance do pac-man pode ser interpretada como uma extensão do conceito de pop art de como somos bombardeados pela mídia e como isso afeta a criação artística, que através do lúdico se materializa em expressão.
O que eu acho legal desse tipo de performance, é que ela integra as pessoas a volta por se tratar de um objeto conhecido da cultura pop, temos um estranhamento, porém sem oprimir as pessoas, ela não repele a interação externa como acontece em alguns tipos de performance.

A performance:
Meu re-enactecment começou na Urca na Unirio que seria também o ponto final da performance.


Diferente de Rèmi, que ele aparece somente em lugares fechados, resolvi estabelecer um trajeto em que pudéssemos alternar lugares abertos e fechados podendo assim experimentar mais o espaço.
O começo da perfomance foi bem dinâmico, com o mapa na mão corremos pela avenida Pasteur, passando pelos pontos de ônibus e surpreendendo as pessoas, mas logo o condicionamento físico seria um problema. Como o trajeto seria feito todo correndo percebi que não seria possível continuar em um ritmo acelerado, então desaceleramos e estabelecemos que em alguns momentos iríamos parar para tomar fôlego, formando um círculo com o pacman no meio e os fantasmas a volta, após a breve pausa, continuávamos o trajeto.
Tivemos diversas reações das pessoas, algumas riam tiravam foto e outras que simplesmente olhavam e ignoravam deletando a visão ou olhavam através de nós como se não existíssemos como uma espécie de vergonha alheia.
Não tivemos problemas para transitar pelos lugares abertos. Nos lugares fechados como nos shopping, os seguranças iam nos cercando e pediam para que nos retirássemos, mas ignorávamos e continuávamos o trajeto, caso eles se aproximassem demais acelerávamos o ritmo fugindo de um contato direto com eles.
A volta foi tranqüila, mas com o ritmo bem reduzido,o trajeto todo levou cerca de uma hora e meia para ser concluído.

3 comentários:

  1. Obrigada a todos os meus fantasminhas queridos que me ajudaram e ao Gui também que foi um excelente câmera man! :)

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  2. Interessante ver que o re-enactment preserva a estrutura lúdica do trabalho de Rémi Gaillard de forma criativa, dialogando com a pop art e a cultura de massa. Talvez seria interessante postar no blog também um dos vídeos do Rémi que inspiraram a performance.

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