domingo, 15 de maio de 2011

Experimento coletivo 01 - Praça XV

Esta performance iniciou-se com uma pergunta: O que carregamos pela vida? Cada performer tinha sua ideia e essa ideia virou um “carregamento móvel” na Praça XV. Desde pequenos papéis de recados e cadernos até uma máquina de escrever antiga e um travesseiro; tudo isso carregado de uma forma não cotidiana pelos performers. Ao nos reunirmos no local as 17:30h/18h (hora do rush), as pessoas na volta do trabalho já estranhavam o grupo carregando tais coisas de forma não usual. Fomos caminhando meditativamente em direção as Barcas, éramos a síntese do anti-fluxo daquele espaço- tempo. Muita gente em volta se perguntando o que era aquilo que estávamos fazendo. Às vezes perguntavam diretamente para Maria Castro, a aluna que fotografou a performance, outras vezes diretamente para um de nós. Optamos por não nos relacionar com as pessoas na rua, mas acabava sendo muito complicado não responder/se relacionar, de alguma forma, quando alguém te abordava diretamente e fazia um comentário (ex: “Parabéns! Gostei muito do trabalho de vocês” ou “O que vocês estão reivindicando?”). São formas de relações que se estabelecem instintivamente fora do nosso controle, por mais que estivéssemos todos num caminhar meditativo, numa dinâmica totalmente contrária àquela estabelecida naquele espaço-tempo. Muita gente a nossa volta começou a se questionar sobre o seu próprio carregar, não de uma forma alegórica/subjetiva como a nossa, mas de uma forma mais concreta (ex: carregar algo para vender). Creio que um dos aspectos interessantes da nossa performance é ter dado as pessoas que estavam lá uma outra forma possível de se estar/pensar no mundo, criando uma dinâmica e lógica próprias. Acho que quando você se torna consciente do seu estar num lugar, seja ele a Praça XV, um escritório, um restaurante ou até o mundo, você cria outra dinâmica naquele lugar e afeta positivamente quem também está lá. Esse fato gruda na memória das pessoas pela presença e pelo “criar presenças”, porém o fato em si e essas presenças criadas são efêmeras. Buscamos a todo tempo com esses experimentos coletivos de re-enactment recuperar essa, ou um certo tipo de, presença.

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