quarta-feira, 15 de dezembro de 2010


















































Primeira impressão...

Performance, para mim que sou tímida, é muito difícil, tenho um certo receio, medo da reação das pessoas. Então procurei bastante para achar alguma performance que fizesse algum sentido para mim e eu então pudesse fazer o re-enactment.
Escolhi fazer a meditação coletiva, por ser uma questão que está muito presente nesse momento da minha vida, estou repensando a correria do dia a dia nas grandes cidades e até que ponto isso vale a pena, as relações entre as pessoas e se a religião está na vida dessas pessoas e como.
Depois que decidi a performance foi fácil saber o lugar, Campo de São Bento, em Niterói, que é aonde eu moro. É uma espécie de Praça/Parque, muitas árvores, lago com patos, um chafariz e uma "rua" principal que várias pessoas passam todos os dias. O Campo e cercado por quatro ruas, duas muito movimentas e vitais para o trânsito da cidade, a entrada principal fica em frente a uma rua que dá acesso a Ponte Rio/Niterói, com trânsito praticamente o dia todo.
Desde de criança frequento o Campo e desde que comecei a estudar numa biblioteca que tem lá dentro, na época do vestibular, percebo que as pessoas passam por ali e não se dão conta de tão bonito que é o lugar, do ar quase puro que ele mantém, dos pássaros cantando... passam correndo e vão trabalhar e estudar sem reparar no ambiente a sua volta, muito menos nas pessoas.
Para tentar questionar isso, chamei três amigas para fazer a re-enactmet comigo, só que no dia só uma foi, ai em vez de duas fazerem comigo e uma fotografar, eu fiz sozinha e a minha amiga Fran fotografou.
Sentei na calçada dessa rua principal do Campo, em posiçao de meditação com os olhos abertos observando o movimento das pessoas, que não entendiam nada, pensei que ia conseguir ficar a manhã toda lá, mas o meu corpo não acostumado reclamou e depois de um pouco mais de um hora parei, o mais difícil foi lidar com os olhares das pessoas, teve gente que queria parar e conversar, para tentar entender. Mas foi bom ver que elas me viam ali, mesmo sabendo que estava de alguma forma incomodando e intrigando elas, para não ter a sensação de que nada mas importa e que realmente as pessoas não reparam nas outras que estão a sua volta.



Segunda impressão...

O que quis questionar com a minha performance foi a correria do dia a dia, a falta de tempo, o excesso de trabalho e problemas... Um estado lindo como é o Rio de Janeiro e não prestamos atenção, nem nas pessoas que estão a nossa volta.

Escolhi o Campo de São Bento por ser um lugar lindo e calmo bem entre o estresse da cidade de Niterói, as pessoas cruzam o Campo todos os dias para fazer baldeação e nem admiram o lugar.

Me pus ali para ver se conseguiria obter alguma reação ou percepção alheia, consegui, mas nenhuma foi agradável, as pessoas me questionavam, olhavam pensando que eu era maluca, uma senhora queria que eu levantasse porque aquele lugar era sujo, passava cachorro, rato, barata...

Depois de fazer fiquei pensando que queria refazer, e foi o que a Tania me sugeriu também, mas ironicamente, por falta de tempo não consegui refazer a performance a tempo, mas agora nas férias quero, gostei da experiência de questionar, de ficar esperando a reação das pessoas que muitas vezes é incompreensível.

Acho que essa questão de o que estamos fazendo com nossas vidas serve para tudo. Será que as mudanças estão sendo favoráveis? Será que tem como parar e ir contra a maré? Não para ser nostálgico, mas em alguns pontos o antes era melhor que o agora, mas não temos que nos apegar ao passado e sim modificar o presente, e sem dúvida parar e ver se o que estamos fazendo é o que realmente vale.

No texto “Estética Relacional” Nicolas Bourriaud até menciona uma crescente urbanização da experiência artística e uma mecanização das funções, a sociedade está caminhando para um mundo sem contato, sem relações, e nós, artistas podemos fazer as pessoas pararem para pensar.

Um comentário:

  1. Ponto de partida interessante, mas Bourriaud coloca justamente a arte (concordando nesse sentido com você) como ponto de ligaçao para habitar melhor o mundo. Acredito que a experiência possa ser desenvolvida de um ponto de vista prático (meditando: alias, nao é uma meditaçao coletiva, mas individual....) e teórico também, tecendo as relaçoes entre prática pensante e teoria criativa.

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