quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sínteses. Postado por Fabiane Cota.

Síntese dos Livros de Regina Melim ( Performance nas Artes Visuais) e Lehmann (Teatro Performance)

No Texto Performance das Artes Visuais de Regina Melim autora faz um percurso histórico e conceitual da arte performática. Ela esmiúça o termo que surge em 1960 e 1970, colocando as diversas possibilidades do trabalho performático. A própria autora diz em sua introdução que ao se pensar em Performance sobretudo nas artes visuais fica-se muito marcado sobretudo neste período um trabalho onde há a utilização do corpo.

A autora então dialoga com as referencias de arte conceitual da década em questão afim de desmistificar a noção de performance em um único formato onde o corpo é o núcleo de investigação e expressão.

Apresentando ao seu leitor a performance com uma ampla forma de trabalho, que envolvem pintura, desenho, vídeos, filmes, instalações etc. Outro conceito colocado é o espaço de performação como espaço que insere o espectador.

Como trajetória ela apresenta um pouco do livro de RoseLee Goldberg “A arte da performance: do futurismo ao presente” que apresenta a performance do século XX como uma trajetória de grandes variáveis.

Com as vanguardas européias podemos observar já ações performáticas, sendo que após segunda guerra houve ações mais intensas, mesmo com ações estilísticas e mesmo denominações diferentes todas essas ações: happening, Fluxus, aktion, body-arty, dé collage entre outras foram enquadradas sob a terminologia performance.

Em meio a essa trajetória performática um momento de destaque é para a música experimental de Jonh Cage “música não mais como sucessão de notas, harmonia e ritimo, mas como pulsação, fruição, temporalidade e espacialidade.” Onde a música e a musicalidade ganham um novo sentido e como Jonh Cage próprio denominaria como música-ação.

A grande questão apresentada por Regina Melim sobre a Performance e como objeto da vida cotidiana é um núcleo de investigação no trabalho do performer, em 1950 esse objeto deixa de ser apenas objeto de investigação e passa a ser inserido como material para a arte.

Outra relação colocada pela autora é com o espaço onde o artista faz deste um ponto de encontro, onde o mesmo seria democrático e cada pessoa poderia estabelecer-se como quisesse.

Outra característica forte e esta atribuída aos acionistas vianenses é uso do corpo, e este deveria ser levado ao extremo, com dor ritualizada, esforço físico e concentração para além dos limites.

No Brasil a arte performática passou por vários processos e leituras, uma reavaliação da presença do objeto na arte, com novos objeto e mídias, mas que passaria de ordem sensível pelo corpo. Hélio Oiticica propunha uma aderência completa do corpo na obra e da obra no corpo. Essa aderência traria o espector-participador sendo agente da experiência. Regina Melim relata inúmeros trabalhos performáticos que dão conta de reavaliar esse objeto oferecido à participação.

O que fica forte nestas experiências é que o objeto era algo que só poderia ser potencializado a partir da participação. Outra questão colocada e foi o espaço da arte, várias performances no Brasil colocavam a questão do espaço performático e mais grupos que colocavam de forma crítica diante de museus, galerias e curadorias.

Com desdobramentos de todo o trabalho performático Regina Melim explica como a partir dos anos de 1990 que todas essas possibilidades são reavaliadas. Como conceitos colocados por outros estudiosos e artistas a autora expõe a performance como algo irrepetivel e único. A performance é viva e única, documentá-la é apenas manter sua memória e não manter a mesma viva.

A performance também pode ser considerada uma forma hibrida, que podem ocorrer sem sem registros, ou mesmo serem transmitidas via satélite, envolvendo grandes espaços ou pequenos espaços. Podendo ser realizadas por um único performer ou coletivamente. O que também geraria um debate sobre o caráter efêmero da performance, dessas discussões surgem o idéia de se reapresentar as performances, modificando-as e dando uma reconstrução. “A performance só pode viver se for apresentada de novo”.

No final de 1960 foram inseridos e início de 1970 as câmeras de vídeo passam a integrar o processo de alguns artistas. A primeira geração de vídeos consistia basicamente no registro das ações performáticas, sendo depois inseridos como objeto e espaço da ação performática;

Sendo extensão de suas experimentações.

O que fica claro é que a performance é ampla em possibilidades de trabalho e espaços, mas está ligado ao seu caráter singular do trabalho da relação, com o espectador o artista e a obra.

Teatro Performance:

Lehmann.

O texto propõe analisar a arte conceitual como experimento do real sendo o real espaço, tempo e corpo. Lehmann procura em seu texto analisar o que é o teatro experimental e o que a performance. Não as diferenciando, ou encontrando simplesmente pontos de diferença entre elas, mas a analisando e entendendo seus mecanismos. A arte performática se afirma nessa representação da realidade. Sendo características a irrepetibilidade, a instantaneidade e simultaneidade como valorização de um processo-tempo de constituição dessas imagens.

O que torna interessante é essa questão da passividade do espectador, que na ação performática deve desaparecer, ou melhor, construindo a idéia a passividade do espectador também é uma forma de ação que construirá a performance.

“É inquestionável que o público, na condição de parceiro participante no teatro e não mais de mera testemunha exterior , decide sobre o êxito na comunicação.” (Lehmmann)

Outra questão abordada no texto é atuação e a não atuação. Sem distinções propriamente técnicas o autor coloca o performer como um artista que se move entre a atuação simples e a não atuação. Sendo que o importante não a vivência de um personagem, mas, uma provocação de sentido. Onde o público é

A performance então é algo que não pressupõe uma espetacularização, mas um movimento de tradução de uma questão do performer em questão artística.

A performance precisa então de “produção de presença” de estar em relação de um face a face com o espectador. Dessas questões a mesma contitui-se em comunicação e interação mesmo que a interação seja a passividade de quem está perante ao trabalho performático.

Lehmann coloca a arte performática como processo de “autotransformação” e exemplifica com as ações feitas por artistas que em geral afetam o próprio corpo. Exemplos como de Marina Abramovic foram colocados para o entendimento de um inicio de performance nos 60 e 70 que queria romper com as normas sociais, sendo a atitude assumida um escolha e um risco a ser assumido pelo artista e a ser experimentado pelo espectador. Expõe que o ator está num movimento sempre de repetição de seus gestos, enquanto um performer ao contrário faz de seus gestos únicos. A arte da performance então é uma arte do presente, do agora.

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