sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Performance sobre identidade


A principio não tinha ideia de como ocorreria o traslado de meu traslado, ou que melhor forma, para registrá-lo. Após dias de experiência optei por um registro escrito, daquilo que pode ser facilmente visualizado por qualquer membro deste blog. Não só apenas visualizado como também vivido. A questão da identidade e da auto afirmação para a felicidade foi meu canal para o desenvolvimento artístico. Resolvi, então, vivenciar e experimentar esta prática através da internet, especificamente através dos sites de relacionamento. Uma experiência simples, criei um perfil falso no facebook, mas, foi um pouco desastrosa. A príncipio poucas pessoas me aceitaram ou vieram falar comigo. O maior número de convites aceitos foi quando decidi por uma foto no perfil. Minha primeira motivação era ser um perfil sem foto, um rosto que pudesse ser de fato moldado por quem estivesse interagindo comigo. Mas pela falta de interação resolvi seguir o conselho de um amigo que me aconselhou a procurar uma imagem fake. Sim os perfis fakes em sites possuem na pesquisa do google imagens próprias e sites que fornecem imagens para quem os quiser montar. Pude perceber como a questão da imagem é um fator forte neste tipo de relação virtual e como interfere a questão da estética.Então me lancei a outro movimento dentro da minha pesquisa artística. Procurei comunidades no site de relacionamentos orkut destinadas a fakes e entrei com meu perfil normal. Adicionei "pessoas" e entre muitos diálogos pude perceber um "eu" sozinho na multidão como bem afirmava Boudelaire.
No meio de todo esse experimento pude perceber como é autocrítico construir um eu diferente e que ao mesmo tempo é parte de você. Primeiro pelos mecanismos e ferramentas do meio. Criar um e-mail que não identifique quem é você, burlar as regras de "segurança" do site permitindo que você possa criar uma nova identidade. Enfim um movimento de nascer um outro alguém que algum momento você gostaria de ser.
Melhor refletindo fazer nascer alguém que seja interessante aos olhos de outro alguém, sendo capaz de seduzir o outro, criando um simulacro onde fisicamente você coloque outra imagem, outras caracteristicas e você próprio crie uma outra maneira de pensar e de conversar a fim de torna-se interessante para o outro.
O que toda essa conquista reflete na felicidade? Com todas as pessoas que se dispuseram a interagir comigo, mesmo através de um perfil falso com "pessoas reais" ou através de um perfil verdadeira com "pessoas fakes" todas buscavam relações que movimentam a conquista da afetividade do outro. O desejo de se sentir aceito e bem visto pelo outro de se firmar perante o outro. O trabalho performático neste sentido ainda pode e poderá ter muitos desdobramentos, mas a principio fica essa reflexão pelo menos pra mim de como manipulamos o que somos e quem somos para satisfazer nossa carência e nossos vazios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário