Como nunca havia feito uma performance antes, confesso que fiquei um pouco assustada a princípio, mas acho que pelo fato da experimentação ter sido coletiva isso me ajudou muito.
A minha primeira impressão do experimento da praça XV foi de um deslocamento, como se fossemos marginais aquele cotidiano. Andamos em uma marcha lenta e meditativa carregando o que para cada um representava um fardo em nossas vidas.
No dia a dia passamos com tanta pressa pelos lugares que mal percebemos o que nos rodeia, coisas tão comuns que ignoramos e seguimos em frente sem questionar. O cotidiano cega a percepção e nos leva a ignorar os detalhes a nossa volta, ao parar e experimentar o lugar isso cria uma outra dinâmica com o espaço, nos mostrando um novo tipo de visão sobre o lugar.
As pessoas sem dúvida passavam com muita pressa, algumas se assustavam com o nosso grupo, outras simplesmente olhavam e ignoravam e tinham também aquelas que queriam interagir, como um vendedor de bala que perguntou por que estávamos carregando tantos objetos e em seguida fez o seguinte comentário - “Ao contrário de vocês eu preciso carregar essas balas” - foi aí que percebi que as pessoas que por ali transitavam também carregavam seus fardos. Isso me fez pensar, como a nossa performance, mesmo sendo de rompimento se encaixava naquele cotidiano.
Romper com os fluxos, tomar consciência de si mesmo, do estar ali e não somente transitar somado ao ter consciência de seus fardos e da relação que temos com eles, a performance da Praça XV abriu o meu olhar em relação a consciência das coisas comuns, e me fez questionar a relação entre pessoa x cidade de como nós simplesmente transitamos pelos lugares e não os vivenciamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário