segunda-feira, 30 de maio de 2011

O que andamos arrastando na vida

Fardos existem, estão aí para serem carregados, ficam dispostos numa espécie de prateleira imaginária, onde cada indivíduo escolhe o seu e arrasta por aí, por um longo ou curto tempo, às vezes por toda uma vida.

Como se relacionar com o seu fardo? Uma questão parecida com essa foi abordada em um dos trabalhos de Erwin Wurn, onde o artista pesquisava novas formas de se relacionar com objetos cotidianos. Se pararmos pra analisar, estamos sempre carregando alguma coisa, uma bolsa, um guarda-chuva, uma bebida... Entretanto sempre nos relacionamos da mesma forma, não variamos o modo de interação com as coisas, ou se fazemos, fazemos de forma espontânea, sem refletir sobre.

A proposta de Erwin é redirecionar o olhar aos objetos que nos rodeiam e submetê-los a novas experiências sensoriais, práticas e estéticas.

A proposta da disciplina é estudarmos o tema da mobilidade da e na arte contemporânea, com o foco nas manifestações cênico-performáticas, partindo de re-enactments. Como primeira experiência nesse sentido, nos foi proposta uma reflexão acerca da pesquisa de Erwin Wrum. Em grupo, decidimos adaptar a performance e inserir nela um caráter mais subjetivo, ao invés de repensarmos nossa relação com objetos, repensamos as nossas relações com nossas angústias, nossas manias, nossos fardos.

A cada um foi perguntado sobre as coisas que estão sendo arrastadas pela vida, uns responderam sono, outros manias de guardar ou comprar coisas, alguns incomodados com coisas relacionadas à faculdade e muitos falaram sobre problemas relacionados com o tempo. De fato, cada um escolheu seu maior fardo e elegeu algum objeto que pudesse representá-lo.

O segundo passo foi decidir onde seria realizada a nossa ação, sugerimos lugares onde pessoas sempre passam cheias de cargas materiais ou sentimentais. Escolhemos a praça XV, que além da questão das pessoas, também atendiam às questões espaciais.

Outras coisas como horário, percurso, forma de carregamento e tipo de caminhada foram discutidas ainda em sala de aula, afim de organizar o grupo, facilitando a ação coletiva.

Nós do grupo (pelo menos aqueles que aqui postaram seus translatos) dividimos uma mesma observação a respeito da experiência: como as pessoas são apressadas e passam correndo pelos lugares e deixam de perceber as coisas ao redor. Portanto se pararmos para relembrar das discussões em sala percebemos que muitos entre nós têm problemas com o tempo. Pela observação das milhares de pessoas que cruzaram nosso caminho só nos resta constatar que o grande “vilão” da contemporaneidade é o tempo, ou a falta dele.

O engraçado seria se cada pessoa refletisse sobre sua questão em relação ao tempo, exteriorizasse em um objeto material e saísse arrastando pelas ruas.

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