terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu moro em Niterói, pego as Barcas quase todo dia. Todo dia que passo pela Praça XV, em volta de mim, estão todos correndo voltando do trabalho, das atribuições da vida, para o doce lar. Todo dia é a mesma cena, diferentes pessoas, correndo. Assim quando na sala de aula, estávamos conversando sobre qual lugar iríamos fazer nossa performance conjunta, a Praça XV para mim era a melhor opção possível no Rio de Janeiro. Já que nossa performance era voltada para o que carregavamos no dia-dia, nossos pesos diários e na Praça XV, as pessoas carregam de tudo, malas, bolsas, mochilas e também atribuições do trabalho, da casa, da vida.
Na quarta seguinte, fomos para a Praça XV, chegamos lá e encontramos todo o pessoal se preparando, pendurando, amarrando os objetos de cada um no corpo. Eu pendurei várias listas de coisas para fazer na roupa, já que pelo menos, a minha vida, é cheia de listas do que eu tenho que fazer, comprar, ler, ligar, arrumar.... o peso do que temos que fazer naquela semana, naquele dia, naquela hora, sem poder esquecer de nada.
Começamos nossa performance, meditando. Sentamos num circulo, um do lado do outro, em frente ao paço imperial e começamos a meditar. Logo ali, já percebi os olhares das pessoas que passavam pela a praça, era bem difícil de meditar, conseguir não pensar em nada, concentrar.
O nosso momento era diferente das pessoas que passam ali todo dia, era fora do cotidiano daquele lugar, não estávamos correndo, de passagem e sim sentados, parados, meditando.
Depois deste momento, nos levantamos e meditamos andando, devagar, a passos leves, um do lado do outro. A partir disso, não notei os olhares das pessoas, somente algumas virando a cabeça para olhar o que estava acontecendo, algumas nem notavam, estavam tão dentro das suas preocupações, que nem percebiam que nós não eramos como eles.
Ai, nós fomos em direção a estação das Barcas da Praça XV, paramos em frente, um do lado do outro. As pessoas passando por nós, correndo. Então chegou um guarda das Barcas e veio ao meu encontro. Ele perguntou o que era aquilo, se era uma manifestação, eu respondi que não era. Ele perguntou se ia demorar muito, e quem era o responsável. Eu respondi que não tinha hora para sair dali e todos nós todos eramos responsáveis por aquilo, enquanto eu respondi, ele comunicava para algum superior dele pelo rádio.
Ai fomos andando até a Rio Branco, em fila, um atras do outro. Algumas pessoas paravam olhavam, até teve uma mulher que estava indo em direção as barcas, parou e acompanhou a gente. ai, chegamos na 1° de março e fomos para a Rio branco. A calçada pequena, só cabia duas filas de pessoas, a nossa e a das pessoas que tentavam passar pela gente.

Resumindo, neste lugar que passagem, que é a rua, a praça Xv, as Barcas, onde as pessoas passavam correndo, até a gente mesmo, paramos um momento e redescobrimos aquele lugar, um movimento contrario ao dia-dia daquele espaço. Um novo olhar.





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