terça-feira, 31 de maio de 2011
Mapa Situacionista by Renata Sampaio/ Mapa de Ação: Lis Mainá
Demorei muito tempo para conseguir sair da Universidade, comecei um mapa, encontrei a Liz, troquei o mapa, esqueci algumas coisas. Saí da Unirio às 17h50min, parei em frente ao Marcio do cachorro quente e a direção do vento seguia para a direita, fui então pela saída da biblioteca até a Avenida Pasteur. O vento continuava a direita, atravessei a rua e continuei andando. Entrei na primeira rua que vi a minha frente, pois não tinha mais ruas depois e eu queria derivar bastante. A tal rua era a Osório de Almeida, uma rua bem animada com um pipoqueiro e uma barraquinha de doces, tinha musica tocando e pessoas conversando ao redor. Nessa rua não percebi mais o vento e até senti calor. Atravessei a rua (lado direito) e cheguei a Praça Felix Laranjeiras, fiz o contorno pelo meio da rua, e descobri uma ruazinha que nunca tinha percebido: Rua Odílio Bacelar. Entrei e tive medo, a rua era muito escura, fui para a calçada esquerda a altura do numero 43. Cheguei a Rua Ramon Franco e segui a calçada esquerda, parei para escrever em frente a uma casa que era um pouco escura, mas tinha umas plantas baixas, muito volumosas e bonitas. Um homem veio na minha direção, mas passou direto. Em frente à casa 63 sinto o vento novamente e é muito bom. Sigo pelo meio da rua, pois uns homens bebem na calçada, fico com medo. Do lado esquerdo tem uma obra, sigo para o outro lado da rua a altura do numero 104. Chego à esquina das ruas Ramon Franco com Avenida Portugal (é preciso atravessar a rua para ver a placa com o seu nome). Sigo pela Avenida Portugal e chego num trevo onde tem uma cabine da policia e alguns policias em suas motos, fico apreensiva quanto a que rua ir, na duvida sigo pela murada da Urca, que é mais movimentada e a vista é muito bonita. Estou em frente ao numero 484 e nessa direção, do outro lado, na Praia de Botafogo, vem uma luz parecendo um farol. O vento parece não ter direção, é como se viesse de todos os lados, batendo no meu corpo, é uma sensação maravilhosa, um banho de energia. O som da água batendo nas pedras é relaxante. Percebo que este é o lugar no qual me sinto muito bem, sento e deixo o amor ali presente entrar. As pessoas caminham e correm fazendo barulho e me desconcentram bastante. Um homem caminha em volta de mim e fica me olhando, não sinto medo e sim curiosidade, ele passa a olhar a paisagem que vejo. As pessoas parecem se esquecer da vista maravilhosa que tem a sua frente. Ele vai embora. São 18h15min. Sinto vontade de seguir beirando o mar, mas o caminho a minha frente parece ter ficado deserto. Volto ao trevo e procuro um lugar para entregar o amor que recebi daquele lugar, penso em um bar que tem ali perto, mas a rua onde ele está me faz me sentir mal, exatamente por isso sigo em frente. É uma rua que não me anima a continuar, então paro em frente à casa numero 30, é uma casa muito bonita- branca com detalhes azuis, mas parece sem vida, sem movimento, sem gente, é uma casa triste. Decido então sentar no portão e transmitir amor para aquele lugar. A tal casa me deixa apreensiva, um nó no coração. O vento em frente a casa é bom, mas não entra no vão aonde tem a porta, lugar onde estou sentada. As pessoas que passam ou me olham estranhamente ou me ignoram. A minha frente tem uma casa alta, e por cima dela vejo bem fraquinho os raios luminosos do farol. São 18h23min.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
O que andamos arrastando na vida
Como se relacionar com o seu fardo? Uma questão parecida com essa foi abordada em um dos trabalhos de Erwin Wurn, onde o artista pesquisava novas formas de se relacionar com objetos cotidianos. Se pararmos pra analisar, estamos sempre carregando alguma coisa, uma bolsa, um guarda-chuva, uma bebida... Entretanto sempre nos relacionamos da mesma forma, não variamos o modo de interação com as coisas, ou se fazemos, fazemos de forma espontânea, sem refletir sobre.
A proposta de Erwin é redirecionar o olhar aos objetos que nos rodeiam e submetê-los a novas experiências sensoriais, práticas e estéticas.
A proposta da disciplina é estudarmos o tema da mobilidade da e na arte contemporânea, com o foco nas manifestações cênico-performáticas, partindo de re-enactments. Como primeira experiência nesse sentido, nos foi proposta uma reflexão acerca da pesquisa de Erwin Wrum. Em grupo, decidimos adaptar a performance e inserir nela um caráter mais subjetivo, ao invés de repensarmos nossa relação com objetos, repensamos as nossas relações com nossas angústias, nossas manias, nossos fardos.
A cada um foi perguntado sobre as coisas que estão sendo arrastadas pela vida, uns responderam sono, outros manias de guardar ou comprar coisas, alguns incomodados com coisas relacionadas à faculdade e muitos falaram sobre problemas relacionados com o tempo. De fato, cada um escolheu seu maior fardo e elegeu algum objeto que pudesse representá-lo.
O segundo passo foi decidir onde seria realizada a nossa ação, sugerimos lugares onde pessoas sempre passam cheias de cargas materiais ou sentimentais. Escolhemos a praça XV, que além da questão das pessoas, também atendiam às questões espaciais.
Outras coisas como horário, percurso, forma de carregamento e tipo de caminhada foram discutidas ainda em sala de aula, afim de organizar o grupo, facilitando a ação coletiva.
Nós do grupo (pelo menos aqueles que aqui postaram seus translatos) dividimos uma mesma observação a respeito da experiência: como as pessoas são apressadas e passam correndo pelos lugares e deixam de perceber as coisas ao redor. Portanto se pararmos para relembrar das discussões em sala percebemos que muitos entre nós têm problemas com o tempo. Pela observação das milhares de pessoas que cruzaram nosso caminho só nos resta constatar que o grande “vilão” da contemporaneidade é o tempo, ou a falta dele.
O engraçado seria se cada pessoa refletisse sobre sua questão em relação ao tempo, exteriorizasse em um objeto material e saísse arrastando pelas ruas.
domingo, 29 de maio de 2011
Praça XV
Como nunca havia feito uma performance antes, confesso que fiquei um pouco assustada a princípio, mas acho que pelo fato da experimentação ter sido coletiva isso me ajudou muito.
A minha primeira impressão do experimento da praça XV foi de um deslocamento, como se fossemos marginais aquele cotidiano. Andamos em uma marcha lenta e meditativa carregando o que para cada um representava um fardo em nossas vidas.
No dia a dia passamos com tanta pressa pelos lugares que mal percebemos o que nos rodeia, coisas tão comuns que ignoramos e seguimos em frente sem questionar. O cotidiano cega a percepção e nos leva a ignorar os detalhes a nossa volta, ao parar e experimentar o lugar isso cria uma outra dinâmica com o espaço, nos mostrando um novo tipo de visão sobre o lugar.
As pessoas sem dúvida passavam com muita pressa, algumas se assustavam com o nosso grupo, outras simplesmente olhavam e ignoravam e tinham também aquelas que queriam interagir, como um vendedor de bala que perguntou por que estávamos carregando tantos objetos e em seguida fez o seguinte comentário - “Ao contrário de vocês eu preciso carregar essas balas” - foi aí que percebi que as pessoas que por ali transitavam também carregavam seus fardos. Isso me fez pensar, como a nossa performance, mesmo sendo de rompimento se encaixava naquele cotidiano.
Romper com os fluxos, tomar consciência de si mesmo, do estar ali e não somente transitar somado ao ter consciência de seus fardos e da relação que temos com eles, a performance da Praça XV abriu o meu olhar em relação a consciência das coisas comuns, e me fez questionar a relação entre pessoa x cidade de como nós simplesmente transitamos pelos lugares e não os vivenciamos.
urca, 25/11/2011, by tania alice / mapa de ação: renata santos sampaio
. saia da unirio e siga em direção ao vento
.. entre na primeira rua que avistar
... pare em frente da sexta casa.
.... respire fundo.
..... sinta o cheiro deste lugar.
...... descubra de onde vem o cheiro e vá até là.
...... pense no que este cheiro te lembra.
........ se suas lembranças sao positivas, siga à esquerda, se negativas, à direita.
........ pare em frente a planta, olhe-a demoradamente e guarde um pouco do seu frescor.
......... feche os olhos.
............ volte para a casa.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Praca XV
terça-feira, 24 de maio de 2011
Experimento coletivo na Praça XV
Cheguei antes da hora marcada e encontrei com uma participante que também havia chegado antes, Lucimar. Vimos a praça com movimento ainda tranquilo, diferente do que o vivido durante a performance. Entramos no Paço Imperial para esperar a hora marcada e começarmos a nos vestir com “as coisas que carregamos em nossas vidas”. Foi interessante a relação das pessoas com a gente naquele lugar, antes de nos vestirmos para performar, as pessoas mal nos notavam, depois que colocamos parte de nosso “carregamento” todos nos olhavam, e o segurança do local passou a ficar mais próximo de nós. Quando saímos de lá e fomos para frente da instituição esperar os demais colegas, os seguranças também foram e ficaram na porta nos vigiando. É interessante essa reação dentro de uma instituição artística, que mal uma pessoa com duas caixas na cabeça e outra com um travesseiro poderiam fazer às pessoas que tomavam seu chá? Tenho associado cada vez mais a performance em locais públicos com a intervenção policial... Durante a performance tivemos um encontro com a Guarda Municipal, que nos rondou, viu que éramos inofensivos e nos deixaram passar. Qual o perigo que o artista pode causar para a sociedade? Acho que a curiosidade/desconfiança. Um perigo para aqueles que se beneficiam de uma sociedade passiva, como a que vemos hoje, na qual tudo é normal, tudo é facilmente aceito. Nós despertávamos a curiosidade nas pessoas, e elas demonstravam o que pensavam da sociedade através de nós. Assim, muitos achavam que estávamos protestando, reafirmando à população a possibilidade de protestar contra algo que não aprovem. Algumas até diziam o motivo de nossos protestos, uma mulher falou: eles estão protestando pelo menino que morreu. Não sei que menino é esse diante de tantas mortes que temos diariamente expostas nos jornais, mas será que não é um indicio de que esta na hora de fazermos alguma coisa em relação a isso? Quando um grupo como nós ocupa a rua, e não só passa por ela, mostra que é possível a ocupação desta; e também fazemos com que aqueles que estão passando olhem para ela de outra forma, vivencie-a. Eu transito bastante por aquela praça, antes da performance eu passava apressadamente por ela para chegar ao meu destino, durante a performance a redescobri, e agora busco vivencia-la nos meus cinco minutos de travessia quase diários. Tenho certeza que nossa performance apresentou a muitas pessoas pelo menos um cantinho desconhecido daquele lugar, e isso já quer dizer muita coisa...
domingo, 22 de maio de 2011
Praça XV
quinta-feira, 19 de maio de 2011
A Performance e a reconstrução do efêmero
http://idanca.net/wp-content/uploads/2011/05/idancatxt_vol3_spread.pdf
A partir da pagina 12
¿Quién puede borrar las Huellas?
Nesta performance Regina José Galindo anda descalça pelas ruas da Cidade da Guatemala, parando ocasionalmente para mergulhar os pés em sangue humano a partir de uma bacia que ela carrega em seus braços.
Ela desenvolveu a peça para protestar contra a candidatura presidencial do ex-ditador Ríos Montt Effraín em 2003. As pegadas, diz ela, representou os milhares de civis assassinados pelo exército do país durante mais de 35 anos de conflito que terminou com os Acordos de Paz em 28 de dezembro de 1996.
terça-feira, 17 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
Experimento coletivo 01 - Praça XV
Esta performance iniciou-se com uma pergunta: O que carregamos pela vida? Cada performer tinha sua ideia e essa ideia virou um “carregamento móvel” na Praça XV. Desde pequenos papéis de recados e cadernos até uma máquina de escrever antiga e um travesseiro; tudo isso carregado de uma forma não cotidiana pelos performers. Ao nos reunirmos no local as 17:30h/18h (hora do rush), as pessoas na volta do trabalho já estranhavam o grupo carregando tais coisas de forma não usual. Fomos caminhando meditativamente em direção as Barcas, éramos a síntese do anti-fluxo daquele espaço- tempo. Muita gente em volta se perguntando o que era aquilo que estávamos fazendo. Às vezes perguntavam diretamente para Maria Castro, a aluna que fotografou a performance, outras vezes diretamente para um de nós. Optamos por não nos relacionar com as pessoas na rua, mas acabava sendo muito complicado não responder/se relacionar, de alguma forma, quando alguém te abordava diretamente e fazia um comentário (ex: “Parabéns! Gostei muito do trabalho de vocês” ou “O que vocês estão reivindicando?”). São formas de relações que se estabelecem instintivamente fora do nosso controle, por mais que estivéssemos todos num caminhar meditativo, numa dinâmica totalmente contrária àquela estabelecida naquele espaço-tempo. Muita gente a nossa volta começou a se questionar sobre o seu próprio carregar, não de uma forma alegórica/subjetiva como a nossa, mas de uma forma mais concreta (ex: carregar algo para vender). Creio que um dos aspectos interessantes da nossa performance é ter dado as pessoas que estavam lá uma outra forma possível de se estar/pensar no mundo, criando uma dinâmica e lógica próprias. Acho que quando você se torna consciente do seu estar num lugar, seja ele a Praça XV, um escritório, um restaurante ou até o mundo, você cria outra dinâmica naquele lugar e afeta positivamente quem também está lá. Esse fato gruda na memória das pessoas pela presença e pelo “criar presenças”, porém o fato em si e essas presenças criadas são efêmeras. Buscamos a todo tempo com esses experimentos coletivos de re-enactment recuperar essa, ou um certo tipo de, presença.
terça-feira, 10 de maio de 2011
André Cadere
Fonte: http://looksee.chrisashley.net/?p=486
From “André Cadere: Peinture sans fin”André Cadere became well known in the 1970s with his “barres de bois rond” – round painted wood bars of varying sizes – which were minimalist art objects as well as instruments of artistic intervention. Handmade by the artist, the bars were composed of painted cylindrical segments, whose height corresponded to their radius. The individual units were assembled following a mathematical system of permutation whose logical sequence was disturbed by one error respectively.
Cadere referred to his wood bars as “peinture sans fin” – “unlimited painting” – which redefined the boundaries of the medium and broke with traditional ways of seeing. The form of the rod does not prescribe a privileged point of view – it has no front nor back, no bottom nor top – but offers itself to multiple presentations instead: The bars can be laid out on the floor, fixed to the wall or can lean against it; they can also, theoretically, be moved from one place to another.
The aspect of mobility plays an important role in Cadere’s conceptual approach: In his “promenades-performances”, the artist walked – bar in hand – through the urban context, “occupying” with it public spaces (such as the street, the subway or a restaurant) and thus demonstrating the relative independence in the presentation of his art from the institutional context. At the same time, Cadere attended – whether invited or not – openings of gallery and museum exhibitions (such as, for instance, in 1972 documenta 5), in order to present his wood bars and get the public involved in discussions about his work.
Michelangelo Pistoletto
"Bringing the people together, this is important in art" - Michelangelo Pistoletto
Fonte: http://www.philamuseum.org/exhibitions/414.html?page=4 (cf. vídeo)
Scultura da passeggio (Walking Sculpture) with Michelangelo Pistoletto
Saturday, October 30, 2010
2:00 p.m. Rittenhouse Square
2:30 p.m. City Hall
3:00 p.m. Rodin Museum
Krzysztof Wodiczko
sábado, 7 de maio de 2011
Walking Poem Rio
Hello! Earth: http://www.helloearth.cc/
Hello! Earth Brazil Tour: http://helloearthbrazil.blogspot.com/
quarta-feira, 4 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
experimento coletivo 1]: re-enactment de erwin wurm
Performers: Carolina Riscado, Guilherme Terreri, Isabel Maciel, Jefferson de Souza, Lara Paciello, Lis Mainá, Lucimar Ferreira, Manoela Pereira, Marcos Vinicius Pereira, Miguel Araújo, Priscila Cavalcanti, Renata Sampaio, Tania Alice.
Fotografia: Maria Castro.