segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Art Must Be Original, Artist Must Be Original (2011)
"The performer repeats the phrase "Art Must Be Original, Artist Must Be Original" while manipulating exposed electric wiring (taped to a stick) with his mouth. As his mouth moves exposed wires create a circuit and a light bulb duck-taped to the performers head is lit. 00:55 the performer turns the studio lights on, exposes the set-up and removes the apparatus from his head."
Bem legal esse trabalho. É de um finlandês chamado Eero Y que me contactou no Vimeo.
Sintese do Livro "Performances nas Artes Visuais - Por Renato Penco
domingo, 27 de novembro de 2011
72 horas in clown
continuação: http://pivosmose.blogspot.com/2011/11/72-horas-in-clown.html
72 horas in Clown - Dia 1 - em tempo real no tempo virtual
72 hs in clown - reação de avó "o que é esse nariz? por causa da poeria da obra?" - e seguiu sem nenhuma mudança aparente. - 14:25 - 24/11/2011
72 hs in clown - "vi de longe, achei que o seu nariz estava inchado. protestando contra o quê? a obra?!" - Dinha, trabalha aqui na casa
- Questões de avó: “Olha Pedro, qualquer coisa você sabe que tem aquele outro nariz não é? Ele tá limpinho.”
72 horas in clown - É falta de educação falar do nariz dos outros
continuação: http://pivosmose.blogspot.com/2011/11/72-horas-in-clown-e-falta-de-educacao.html
72 horas in Clown - Dia 2 - Clown Clownsa
continuação: http://pivosmose.blogspot.com/2011/11/dia-2-72-horas-in-clown-clown-clownsa.html
72 horas in clown - Dia 3 - O Palhaço Clownrequinha está morto!
continuação: http://pivosmose.blogspot.com/2011/11/72-horas-in-clown-dia-3-o-palhaco.html
72 horas in clown - Dia 4 - Eu não gosto de palhaço
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Ônibus ocupado é palco para poesia e performance
Diego Baffi
Confesso que a idéia da “transcriação” de um acontecimento artístico em uma “recriação” no trabalho escrito me provocou, pelo motivo de nunca ter feito uma coisa assim ou só apenas tentado de forma confusa, sempre recebendo reclamações dos professores. Acho que falar sobre arte e como ela é comunicada é algo extremamente difícil, que realmente exige do pesquisador uma escrita afetada pelo objeto artístico, e não um distanciamento de análise. Por isso, sou bem otimista com a idéia do “artista pesquisador” para uma investigação mais profunda sobre o poder da arte e até mesmo para o que o artista transcenda ainda mais na comunicação.
No início das aulas de ATAT quando soube que o tema do semestre era a felicidade como performance, fiquei meio sem entusiasmo, pois sempre achei que certos conceitos convencionais de felicidade atrapalham na criação artística, pois não provocam a inquietação que faz com que almeje a liberdade e sim um comodismo que não traz a transformação. Mas, logo mudei de idéia quando percebi que a proposta da Tânia Alice era justamente refletir sobre isso.
Nesses parâmetros, para mim a felicidade é a liberdade de expressão e para atingir esta liberdade só dando cara a tapa mesmo. É preciso coragem para quebrar as convenções desta falsa felicidade anestésica, desta busca pela glória individual que só produz mais do mesmo no campo artístico. Por isso a performance para este trabalho é o que já faço a algum tempo, que é a intervenção artística nos ônibus para vender livretos de poesia, que pode ser vista como comércio informal de ônibus, o que não deixa de ser verdade por ser uma forma de ganhar dinheiro.
Esta é a capa do livreto:
A idéia surgiu pela influência de alguns integrantes da banda Na Sala do Sino, que estes, divulgam o trabalho da banda, tanto musical quanto de poesia, nos ônibus. Isso foi no semestre passado quando o tema de ATAT era nomadismo e a idéia da mobilidade da arte foi uma espécie de arquétipo, pois era evidente que o ônibus era a melhor forma de palco móvel para aquele momento, não é só pelo ônibus estar em movimento, mas também porque o palco vai até o espectador inesperadamente. Isso faz com que o passageiro-espectador seja provocado e mobilize sua própria capacidade de reação, mesmo que seja a de ter preconceito ou inquietação por estar incomodando seu espaço para pedir dinheiro, o que muitas vezes acontece. Muitos não olham, outros ficam sorrindo para a janela e olham disfarçadamente, os que olham, olham com verdade e eu devolvo o olhar, alguns interrompem para interagir e o aplauso é sempre inesperado.
Para fazer o primeiro ônibus do dia, a ação começa ao caminhar nas ruas, o corpo vai se preparando andando e meditando, como sugere Thich Hanh. E assim vai até o ponto, onde começa o sofrimento do conflito interno em busca do impulso que faz pedir ao motorista para mostrar o trabalho no ônibus. Dificilmente é no primeiro que consegue, mas isso não é ruim, pois ajuda a desconstruir a menina de família para entrar no espírito da malandragem. O charme ajuda. Alguns motoristas ficam confusos sem saber que trabalho é esse que quero mostrar. O mais engraçado foi o que disse que eu poderia fazer qualquer coisa, menos baixar o santo. É assim, quando o motorista diz que pode, o impulso me leva e entro já falando com todos. É mais ou menos assim:
- Tem alguém com tédio aí? Tem alguém apaixonado aí? Alguém com pressa? Alguém querendo fugir para qualquer lugar que não especule tanto assim oh imobiliária? Alguém quer uma passagem para a lua? E aí cara você cobra a dor?
Daí sim me apresento, digo que sou da Bahia e minha profissão é de cameloa, que vim pro Rio sem saber porquê, talvez pela poesia. Este é o momento do “mal secreto” do poeta Waly Salomão com o eu feminino:
-Não choro
Meu segredo é que sou uma moça esforçada
Fico parada, calada, quieta,
Não corro, não choro, não converso,
Massacro meu medo
Mascaro minha dor
Já sei sofrer
Não preciso de gente que me oriente
Se você me pergunta
Como vai?
Respondo sempre igual
Tudo legal
Mas quando você vai embora
Movo meu rosto no espelho
Minha alma chora
Vejo o Rio de Janeiro
Comovo, não salvo, não mudo
Meu sujo olho vermelho
Não fico calada, não fico parada, não fico quieta,
Corro, choro, converso
E tudo mais jogo num verso
Intitulado
Mal secreto.
Esta poesia é bem direta, é uma conversa com os passageiros. Um cara brincou uma vez dizendo que meu marido era um coitado, e ficou tudo muito descontraído. Sempre quando uma pessoa interage, desencadeia uma comoção maior, assim é quando há aplausos, geralmente é uma pessoa que começa.
O modelo da apresentação segue com poesia e capela, mas é sempre diferente a cada ônibus. Penso que exista algum misticismo, de que os ônibus são escolhidos por algum acaso especial. Como no ônibus que peguei para ir para aula de ATAT, que foi no primeiro que pedi. Neste ônibus tinha uma senhora da Paraíba bem animada, quando comecei a cantar “assum preto” de Luiz Gonzaga, ela ficou pedindo no meio da música para cantar forró, mas ela mesma puxou uma embolada e não parou de cantar! Levantou e disse para todos que ônibus é lugar de sorrir! Isso sim é felicidade.
Para apresentar o produto, que é o livreto de poesia, fiz uma paródia de uma canção de uma vendedora de tamborete do Recife que está fazendo sucesso na internet. Esse é o link: http://www.youtube.com/watch?v=cuKvV6ti_wM
O que canto é
- Óia o livreto oiá,
óia o poema paguem o que quiser oiá,
serve também para cantar, memorizar,
contar o bem usando o mal oiá
A canção funciona bem. Mas o que funciona melhor ainda é trabalhar para sobreviver mesmo. Quando estou com fome, o desempenho é melhor e qualquer salgado na rua tem o sabor especial. É uma questão de escolha de vida como identidade.
Mariá de Castro
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Sínteses. Postado por Fabiane Cota.
Síntese dos Livros de Regina Melim ( Performance nas Artes Visuais) e Lehmann (Teatro Performance)
No Texto Performance das Artes Visuais de Regina Melim autora faz um percurso histórico e conceitual da arte performática. Ela esmiúça o termo que surge em 1960 e 1970, colocando as diversas possibilidades do trabalho performático. A própria autora diz em sua introdução que ao se pensar em Performance sobretudo nas artes visuais fica-se muito marcado sobretudo neste período um trabalho onde há a utilização do corpo.
A autora então dialoga com as referencias de arte conceitual da década em questão afim de desmistificar a noção de performance em um único formato onde o corpo é o núcleo de investigação e expressão.
Apresentando ao seu leitor a performance com uma ampla forma de trabalho, que envolvem pintura, desenho, vídeos, filmes, instalações etc. Outro conceito colocado é o espaço de performação como espaço que insere o espectador.
Como trajetória ela apresenta um pouco do livro de RoseLee Goldberg “A arte da performance: do futurismo ao presente” que apresenta a performance do século XX como uma trajetória de grandes variáveis.
Com as vanguardas européias podemos observar já ações performáticas, sendo que após segunda guerra houve ações mais intensas, mesmo com ações estilísticas e mesmo denominações diferentes todas essas ações: happening, Fluxus, aktion, body-arty, dé collage entre outras foram enquadradas sob a terminologia performance.
Em meio a essa trajetória performática um momento de destaque é para a música experimental de Jonh Cage “música não mais como sucessão de notas, harmonia e ritimo, mas como pulsação, fruição, temporalidade e espacialidade.” Onde a música e a musicalidade ganham um novo sentido e como Jonh Cage próprio denominaria como música-ação.
A grande questão apresentada por Regina Melim sobre a Performance e como objeto da vida cotidiana é um núcleo de investigação no trabalho do performer, em 1950 esse objeto deixa de ser apenas objeto de investigação e passa a ser inserido como material para a arte.
Outra relação colocada pela autora é com o espaço onde o artista faz deste um ponto de encontro, onde o mesmo seria democrático e cada pessoa poderia estabelecer-se como quisesse.
Outra característica forte e esta atribuída aos acionistas vianenses é uso do corpo, e este deveria ser levado ao extremo, com dor ritualizada, esforço físico e concentração para além dos limites.
No Brasil a arte performática passou por vários processos e leituras, uma reavaliação da presença do objeto na arte, com novos objeto e mídias, mas que passaria de ordem sensível pelo corpo. Hélio Oiticica propunha uma aderência completa do corpo na obra e da obra no corpo. Essa aderência traria o espector-participador sendo agente da experiência. Regina Melim relata inúmeros trabalhos performáticos que dão conta de reavaliar esse objeto oferecido à participação.
O que fica forte nestas experiências é que o objeto era algo que só poderia ser potencializado a partir da participação. Outra questão colocada e foi o espaço da arte, várias performances no Brasil colocavam a questão do espaço performático e mais grupos que colocavam de forma crítica diante de museus, galerias e curadorias.
Com desdobramentos de todo o trabalho performático Regina Melim explica como a partir dos anos de 1990 que todas essas possibilidades são reavaliadas. Como conceitos colocados por outros estudiosos e artistas a autora expõe a performance como algo irrepetivel e único. A performance é viva e única, documentá-la é apenas manter sua memória e não manter a mesma viva.
A performance também pode ser considerada uma forma hibrida, que podem ocorrer sem sem registros, ou mesmo serem transmitidas via satélite, envolvendo grandes espaços ou pequenos espaços. Podendo ser realizadas por um único performer ou coletivamente. O que também geraria um debate sobre o caráter efêmero da performance, dessas discussões surgem o idéia de se reapresentar as performances, modificando-as e dando uma reconstrução. “A performance só pode viver se for apresentada de novo”.
No final de 1960 foram inseridos e início de 1970 as câmeras de vídeo passam a integrar o processo de alguns artistas. A primeira geração de vídeos consistia basicamente no registro das ações performáticas, sendo depois inseridos como objeto e espaço da ação performática;
Sendo extensão de suas experimentações.
O que fica claro é que a performance é ampla em possibilidades de trabalho e espaços, mas está ligado ao seu caráter singular do trabalho da relação, com o espectador o artista e a obra.
Teatro Performance:
Lehmann.
O texto propõe analisar a arte conceitual como experimento do real sendo o real espaço, tempo e corpo. Lehmann procura em seu texto analisar o que é o teatro experimental e o que a performance. Não as diferenciando, ou encontrando simplesmente pontos de diferença entre elas, mas a analisando e entendendo seus mecanismos. A arte performática se afirma nessa representação da realidade. Sendo características a irrepetibilidade, a instantaneidade e simultaneidade como valorização de um processo-tempo de constituição dessas imagens.
O que torna interessante é essa questão da passividade do espectador, que na ação performática deve desaparecer, ou melhor, construindo a idéia a passividade do espectador também é uma forma de ação que construirá a performance.
“É inquestionável que o público, na condição de parceiro participante no teatro e não mais de mera testemunha exterior , decide sobre o êxito na comunicação.” (Lehmmann)
Outra questão abordada no texto é atuação e a não atuação. Sem distinções propriamente técnicas o autor coloca o performer como um artista que se move entre a atuação simples e a não atuação. Sendo que o importante não a vivência de um personagem, mas, uma provocação de sentido. Onde o público é
A performance então é algo que não pressupõe uma espetacularização, mas um movimento de tradução de uma questão do performer em questão artística.
A performance precisa então de “produção de presença” de estar em relação de um face a face com o espectador. Dessas questões a mesma contitui-se em comunicação e interação mesmo que a interação seja a passividade de quem está perante ao trabalho performático.
Lehmann coloca a arte performática como processo de “autotransformação” e exemplifica com as ações feitas por artistas que em geral afetam o próprio corpo. Exemplos como de Marina Abramovic foram colocados para o entendimento de um inicio de performance nos 60 e 70 que queria romper com as normas sociais, sendo a atitude assumida um escolha e um risco a ser assumido pelo artista e a ser experimentado pelo espectador. Expõe que o ator está num movimento sempre de repetição de seus gestos, enquanto um performer ao contrário faz de seus gestos únicos. A arte da performance então é uma arte do presente, do agora.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Performance como linguagem artística multidisciplinar
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Que saudades da aurora da vida/ Da minha infância querida
Foi nesse último elemento que eu me baseei, no faz-de-conta. Quando eu era pequena (não que eu não o seja hoje), gostava muito de inventar histórias. Criava personagens e distribuia entre as minhas amigas. Parando pra pensar nisso, é que percebo o quanto essa graduação em teatro foi somente uma retomada às minhas origens. Pensei em duas opções:
A primeira seria me fantasiar, sair por aí fazendo coisas do dia-a-dia, como ir ao cinema, almoçar, passear pelo shopping, vestida de boneca. Mas daí me veio uma grande questão que nós conversamos bastante em sala, a questão da responsividade. Percebi que eu não conseguiria, sendo tímida como eu sou, passar o dia inteiro encarando pessoas que me olhassem com desdém os estranhamento, sem ter algum tipo de resposta, sem ficar desestimulada e com vontade de ir para casa e encerrar a performance. Passei então para a minha segunda proposta.
Ainda nessa linha do faz-de-conta, eu pensei em algo com o qual eu me divertia bastante, que era atravessar a rua fingindo que entre as linhas da faixa de pedestre houvesse lava derretida, ou jacarés famintos e dragões descontrolados soltadores de fogo, como se aqueles espaços pretos fossem uma área proibida. Pensei que seria ótimo, que era uma performance pontual, rápida, que passaria a minha questão sem que eu tivesse de me expor por tanto tempo. Mas não importa o quanto eu remoesse essa ideia, ela nunca me parecia boa o suficiente. Eu achava que faltava algo pra que aquilo, aquele momento, deixasse de ser só "uma pessoa atravessando a rua e passasse a ser uma pessoa lutando em favor da infância. Pensava no que eu poderia fazer para que as pessoas entendessem que aquilo se tratava de uma luta pela infância, em como tranformar aqueles segundos da travessia em algo significativo, mas nada parecia bom o suficiente. E então eu percebi que nada pareceria bom o suficiente.
Todas as ideias que eu tinha, eu propositadamente recusava. Claro que demorei algum tempo pra perceber isso, porque eu sempre fui do tipo que gosta de fazer o que se propõe. Mas aquilo não ME faria feliz. A minha felicidade não está em performar, não está em sair na rua e chamar atenção. Conversei com a minha mãe sobre esse conflito que eu estava tendo. E ela me disse uma coisa que eu já sabia mas que tentava negar. Eu não gosto de plateia. Desde sempre eu escolhi ficar nos bastidores. Minha satisfação vem muito mais de fazer um desenho e gostar (ou ter outras pessoas que gostem) do resultado, do que de ter todos sabendo que fui eu quem fez aquele desenho. Eu ficaria feliz se eu pudesse simplesmente pedir que alguém fizesse a performance por mim, mas senti como se isso fosse trapaça. Achei mais correto simplesmente admitir que eu não fui feita pra isso.
Relembrando, pensei na minha performance dos abraços grátis. Como aquilo foi divertido por alguns instantes, mas depois se tornou só mais uma tarefa, algo pelo qual eu tinha que passar. Gostei de perceber que eu era capaz de ter uma ideia interessante para uma performance inédita(apesar da Tânia ter dito que ela tinha acabado de ver alguém fazer uma performance igual no ABRACE, aquela ideia era inédita para mim). Mas eu fiquei muito mais tranquila depois que pude tirar todo aquele plástico-bolha que me envolvia.
E agora um desabafo, em relação à performance do riso. Por mais que eu me dissesse que eu não iria só porque já tinha feito aquilo no período anterior e estaria apta a falar disso agora, também tinha outro pensamento passando pela minha cabeça. Eu realmente não queria fazer aquilo de novo. Foi engraçado? Foi. Passou uma mensagem importante? Passou. Foi divertido? Foi, por um ou dois minutos.
Por esses motivos, é que não me pareceu certo fazer uma performance. No início fiquei intimidada pela ideia de ter de superar ou escrever, pelo menos, tão bem quanto a aluna que a Tânia citava, que não quis performar. Mas resolvi botar essas inseguranças de lado e simplesmente assumir essa escolha. Não sou performer, e nisso está a minha felicidade.
domingo, 20 de novembro de 2011
PERFOMANCE ENTREVISTA SOBRE FELICIDADE - ATAT - RENATO PENCO - UNIRIO 2011
A pesquisa foi realizada com prefixos 2796 e 3763, de localidade Mesquita-RJ.
Performance_Fragil
A idéia da performance surgiu a partir da análise de certas estruturas e acontecimentos urbanos que me faziam ter vontade de dizer algo, não de uma maneira panfletária, didática, mas de modo que deslocasse o olhar do cidadão comum que passa na rua; operasse uma brecha no cotidiano.
Tinha vontade de criticar o descaso do governo com a cidade e, consequentemente, com seus habitantes, fato que resultou (entre tantas outras coisas) na explosão de uma série de bueiros em ruas movimentadas da cidade do Rio de Janeiro (Praça Tiradentes, Bolívar, por exemplo) deixando muitas pessoas feridas e levando algumas à morte. Que comprometimento é esse de um governo que deixa a cidade se alagar com uma garoa qualquer, que não se preocupa com os riscos de desabamento (a não ser de maneira extremamente espetacular e sensacionalista, como vemos nos principais jornais da mídia)? E agora, ainda por cima, temos que encarar nosso asfalto como um campo minado? Enquanto isso, o salário dos deputados só aumenta...
Esses questionamentos geraram, então, a vontade de criticar de modo irônico o perigo que esses bueiros representam. Começamos a interditar os bueiros, taxá-los como objetos frágeis. Tínhamos o objetivo de intervir no caminho das pessoas, de denunciar esse desrespeito que existe e que a gente suporta todos os dias. Durante algumas horas eu e Luisa Nolasco (Fotógrafa) andamos por Ipanema a fim de realizar nossa “missão”. Começamos em uma rua pouco movimentada para testar a ação e seguimos para a Rua Visconde de Pirajá. No começo, a reação das pessoas me fez perceber que era nítida a relação entre a minha ação e a da Luisa, a existência de uma câmera dava de algum modo uma credibilidade fictícia para elas. Pedi à Luisa que me acompanhasse a uma certa distância, se posicionando de maneira discreta (o que fez com que algumas fotos adquirissem uma qualidade interessante para o registro, o lugar do que é escondido, do que está burlando algo para registrar a ação). Desta forma, pretendíamos impedir que a performance adquirisse um caráter artificial, posado e pré-combinado.
Depois dessa mudança, o diálogo (não apenas verbal) com os passantes se intensificou e eles começaram a interagir com a ação. Aplausos vindo de três garotos que estavam na janela do prédio em frente, risos, gestos de aprovação, comentários do tipo:
-- “Isso é sério ou é arte?”
-- “O que é isso moça” (Um menino de uns quatro anos me perguntou)
-- “Cuidado que vai explodir!”
--“Boom”
--“Ajeita a calça que tá todo mundo vendo seu cofrinho”
Assim, aos poucos, a intervenção foi esquentando e ganhando forma, a massa urbana parou de atrapalhar, começou a fazer parte do trabalho, a construí-lo junto comigo, a ditar minha postura, meu modo de estar presente ali. No final, era curioso perceber como, apesar de efêmera, a performance estava deixando seu rastro: alguns passantes já vinham acompanhando-a por alguns quarteirões e ao me encontrarem regiam como se pensassem “Ah, é você que está fazendo isso tudo!”.
Ao deslocar o adesivo frágil do aeroporto para os bueiros procuramos também trazer à tona o sentido múltiplo que ele podia abarcar: associamos a fragilidade dos bueiros com a fragilidade da vida e a fragilidade do sistema e do governo no qual estamos inevitavelmente inseridos. Lembrei-me da fragilidade tão bem descrita e problematizada por Jean-Claude Carrière em seu livro “Fragilidade”. O quão patético se torna todo nosso esforço para se defender, criar um escudo, não se afetar, socar o sofrimento; quando percebemos que a vulnerabilidade, a fragilidade é fundamental e inerente a todo e qualquer ser humano.
Decidi por documentar a performance através de fotografias pelo seu forte apelo visual, rico e cheio de possibilidades. Desse modo, procuramos não apenas mostrar o ocorrido, mas construir pontos de vista, novos olhares poéticos, irônicos, esteticamente interessantes que possibilitassem o surgimento de significantes e significados em potencial, incentivando a presença de um olhar ativo, que descobre e cria sua própria visão, através da construção de narrativas imagéticas. O registro aparece, portanto, como um desdobramento da própria performance, uma outra camada que possui uma existência autônoma.
segue o link do registro fotográfico:
www.flickr.com/photos/performance_fragil
www.flickr.com/photos/performance_fragil2
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Performance sobre identidade
A principio não tinha ideia de como ocorreria o traslado de meu traslado, ou que melhor forma, para registrá-lo. Após dias de experiência optei por um registro escrito, daquilo que pode ser facilmente visualizado por qualquer membro deste blog. Não só apenas visualizado como também vivido. A questão da identidade e da auto afirmação para a felicidade foi meu canal para o desenvolvimento artístico. Resolvi, então, vivenciar e experimentar esta prática através da internet, especificamente através dos sites de relacionamento. Uma experiência simples, criei um perfil falso no facebook, mas, foi um pouco desastrosa. A príncipio poucas pessoas me aceitaram ou vieram falar comigo. O maior número de convites aceitos foi quando decidi por uma foto no perfil. Minha primeira motivação era ser um perfil sem foto, um rosto que pudesse ser de fato moldado por quem estivesse interagindo comigo. Mas pela falta de interação resolvi seguir o conselho de um amigo que me aconselhou a procurar uma imagem fake. Sim os perfis fakes em sites possuem na pesquisa do google imagens próprias e sites que fornecem imagens para quem os quiser montar. Pude perceber como a questão da imagem é um fator forte neste tipo de relação virtual e como interfere a questão da estética.Então me lancei a outro movimento dentro da minha pesquisa artística. Procurei comunidades no site de relacionamentos orkut destinadas a fakes e entrei com meu perfil normal. Adicionei "pessoas" e entre muitos diálogos pude perceber um "eu" sozinho na multidão como bem afirmava Boudelaire.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Relato da performance de Socorro Bezerra
A forma da obra contemporânea vai além de sua forma material: ela é um elemento de ligação, um princípio de aglutinação dinâmica. Uma obra de arte é um ponto sobre uma linha.(BOURRIAUD, 1988, p. 29)
Ainda não estava muito claro o que fazer em Performance, quando imaginava qual performance fazer, sempre achava que a forma era mais parecida com esquete.
Neste semestre o tema escolhido para desenvolver as performances foi Felicidade, isto fez com que ficasse refletindo muito sobre o que é felicidade, e não consigo pensar nesta palavra sem lembrar a propaganda do Pão de Açúcar “O que faz você feliz?”.
Por causa desta associação, imaginei fazer uma performance na 3ª maratona do Pão de Açúcar, que aconteceu no dia 06/11/2011, aproveitaria para unir alguns prazeres: correr, conviver com os amigos (pois esta corrida é de equipe) e fazer uma performance. Entretanto, por motivos pessoais, não estava no Rio de Janeiro na data.
Mas, começarei do início, da primeira performance da minha vida. Foi realizada nos jardins da UNIRIO, no I Seminário Internacional Corpo Cênico: linguagens e pedagogias. E foi muito importante ser uma performance coletiva, ajudou bastante. Enquanto estava sentada no balanço tocando pandeiro tinha um outro pandeiro do lado, para construir um relacionamento com as pessoas que passavam pelo jardim. No princípio foi tenso, depois me pegava bem relaxada, como se não estivesse naquele lugar, como se só existisse o ato de tocar pandeiro e balançar no pandeiro (uma sensação muito boa) e, em alguns momentos, existiu uma necessidade de chamar atenção, de que eu fosse vista. E naquele momento, aliado a leitura de alguns textos, percebi esta forma de fazer arte. Algo que a humanidade fazia: como sentar em uma praça, tocar um instrumento juntos com amigos, a muito tempo atrás, em uma época em que tempo não era dinheiro. Hoje em dia, quando é colocado uma intencionalidade, tornar-se arte.
“... além do caráter relacional intrínseco da obra de arte, as figuras de referência da esfera das relações humanas agora se tornaram “formas” integralmente artísticas.” (BOURRIAUD, 1988, p. 40)
Minha segunda performance foi ri na escadaria da Câmera Municipal do Rio de Janeiro, também foi coletiva. Esta performance tinha uma sensação diferente, tinha um “sentimento” político, e foi bom ter chamado atenção das pessoas que passavam na Cinelândia, acho que em algumas teve a interpretação política também. Mas confesso que esta performance me fez cansar fisicamente. Cheguei à conclusão: ri cansa.
Com base na performance de Georgina Starr[1] e por não ter conseguido fazer a performance na 3ª Maratona do Pão de Açúcar, decidi fazer minha performance individual na corrida Venus. Consistiu em: fazer a corrida sozinha, ter consciência do ato de correr sozinha e ter algo diferente das outras participantes. A corrida Venus é uma corrida só para mulheres, a camisa da corrida sempre é algo bem feminino, para ser diferente não usei a camisa da corrida, e sim uma onde tem uma Tartaruga, percebi que as outras pessoas olhavam, inclusive provocando uma interação entre eu e elas com um leve sorriso. Durante a corrida, observei os grupos de amigas, as pessoas que corriam sozinhas com seus “sons” no ouvido e aquelas em que seus companheiros a esperavam na chegada. São corridas diferentes, e eu, por tentar ficar consciente durante toda a corrida, não na corrida, mas no que estava a seu redor, acabei fazendo um tempo maior que o de costume, ou seja, minha performance (desempenho físico) foi baixa. Desta corrida consciente, e de tantas outras que já fiz, produzi um quadro (está no início do trabalho) que se transformou no objeto concreto desta minha performance. Mesmo sabendo que não teria necessidade, que a performance pode ser consumida na hora que acontece, mas senti necessidade.
“Uma obra de arte possui uma qualidade que a diferencia dos outros produtos das atividade humanas: essa qualidade é sua (relativa) transparência social. Uma boa obra de arte sempre pretende mais do que sua mera presença no espaço: ela se abre ao diálogo, à discussão, a essa forma de negociação inter-humana que Marcel Duchamp chamava de “o coeficiente de arte” – e que é um processo temporal, que se dá aqui e agora.” (BOURRIAUD, 1988, p. 57)
[1] Geogina Starr, para exposição Restaurant em Paris, em outubro de 1993, descreve sua angústia de “jantar sozinha” e monta um texto para ser distribuído aos clientes solitários do restaurante. (BOURRIAUD, 1988, p. 44)